Thursday, April 27, 2006

Silencio do Amor!!! (J®$)

Só quem é capaz de enfrentar a solidão adquire a capacidade de ser. Se é possível enfrentar a solidão (ainda que como indesejável companheira), então adquire-se o direito de ser. Ser é adequar a vida às próprias características é libertar-se através da verdade interior. Libertar-se através da verdade interior é alcançar a coragem de ser.
Aquele silêncio, por exemplo, namorada, amante ou mulher (ou com o marido), com a mãe ou pai. Aquele silêncio machuca quem nos esperava alegres, faladores, contando as peripécias da vida. E, no entanto, cheios de coisa para contar, nada sai. Ou sai pouco. "sins", "nãos", frases sintéticas e um ar irritado, pressa para acabar o assunto. Parece desamor. E de fato é egoístico. Mas é preciso aceitar que há ou pode haver uma forma especial de amor naquele silêncio, naquela irritação. No exercer (exatamente por ser proveniente de quem ama e é amado) aquele passageiro tédio e aquele teimoso cansaço.
No silêncio e até na zanga que o/a faz calado/a muitas vezes está-se a dizer: “eu a/o amo tanto que a você posso entregar o meu cansaço, o meu silêncio, a minha necessidade de ficar quieto ou amuado, nada contar, não falar, não ser solicitado. Eu estou aqui a seu lado como quem pede socorro em silêncio, na suposição e esperança de que aqui ninguém exija que eu fale, conte, ou me defenda, que eu seja brilhante, que eu seja bom etc. Eu vim aqui homenagear você e o seu amor com o meu silêncio, o meu cansaço e o meu egoísmo, porque você os saberá entender. Por favor, sem essa de discutir a relação.
Existem mais situações no amor do que palavras para as definir ou explicar. Por isso, o silêncio é eloqüente, tantas vezes. Nele moram intuições, percepções e sentimentos que serão estragados se houver a tentativa da verbalizar o indizível. Daí tantas brigas. Por mais que amemos a palavra e ela a nós, nas situações em que ainda não se inventou a precisão de certas definições, o silêncio, uma lágrima ou um beijo dizem muito mais. Idem afastar-se ou aceitar que está na hora de partir. Rolar no chão em explosão erótica, se comum a ambos, é também uma “fala” formidável.

Repare, encare, aceite!!! (J®$)

Experimente olhar tudo em seu fluxo feito de conexões e desconexões eternas e começará a compreender a complexidade da tarefa de viver. Vida é o drama criativo da existência. Existir e insistir será sempre problemático. Impõem cautela, acuidade, observação, ausência de plenas respostas. Viver dói, mas cura.
Repare em tudo o que começa a dar certo dentro de você, compatibilizando seu ser com a sua vida. Prepare-se para o que começa a se encaminhar para o que é bom em sua sensibilidade! Seja capaz de aceitar e também enfrentar tudo de melhor que tem. É preciso força e coragem para aceitar o bem que mora em nós. Coragem serena, não arrogância.A baixa estima é songa-monga e interfere sem que percebamos.
Prepara-se para a sua capacidade de amar, para sua melhor beleza, para fazer cada vez melhor o que você sabe, seja quindim, amor, coleção de selos, estudos transcendentais, harpa, pipoca, sinuca ou cirurgia ocular. Prepara-se para dar certo. Para ser querido. Para merecer o amor que teme ter ou receber.
Aceite a pluralidade da vida. Somos vários num só e há muitas verdades no mundo, todas precárias. Há tantas verdades quanto pessoas. Há tantos métodos quanto indivíduos.Tantos partidos políticos quanto intenções. Tantas opiniões quanto é possível. Mas a realidade é impassível e enigmática, mas inalcançável em plenitude. Vivemos de fatias de realidade.
Experimente descobrir e até, se for possível, aceitar a visão da verdade que impulsiona o seu adversário e anima a luta de seu inimigo. Pense em todas as direções, com mão e contramão em cada estrada.
Aceite a complexidade que faz a vida e anima o homem a se agitar neste mundo, buscando realizar o que nunca conseguirá salvo em pedaços.
Repare que só cresce e melhora quem entra, enfrenta e aceita o seu pior para, uma vez purgado pelo amor não narcísico por si mesmo, descobrir a maravilha e a felicidade no que há de melhor em seu interior. Abra-se (abrace) sem receio para tudo o que seja compreensão, até do que nunca foi nem será entendido.O plano de Deus (que é só criação e bondade), embora nos deixe livres para segui-lo ou não, é o milagre do bem, do bom e da felicidade.

Afinidade!!! (J®$)

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente.Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.